Sydney, Austrália - O apagar das luzes nas residências, empresas e edifícios públicos nas ilhas Fiji e na Nova Zelândia, às 20h30 do horário local, marcou o início da Hora do Planeta 2011, que obteve o apoio mundial à mensagem de que o mundo e seu meio ambiente exigem um comprometimento com ações que vão "além da hora".
Quando o evento terminar, 24 horas mais tarde nas Ilhas Cook, centenas de milhões de pessoas terão participado da Hora do Planeta em milhares de cidades, vilarejos e comunidades num número recorde de 134 países de todos os continentes.
Nas ilhas Fiji, as luzes serão apagadas mas não os televisores, porque essa ilha-nação está pronta para enfrentar o Quênia no importantíssimo torneio Rugby Sevens (os sete do rugby) de Hong Kong.
Na Estação Davis, na Antártica, as luzes serão apagadas - mas não o aquecimento - quando os cientistas se recolherem para um jantar à luz de velas.
Em alguns países, as lideranças nacionais, regionais e principalmente as municipais desempenharam importante papel na organização das atividades para a Hora do Planeta. Na Suazilândia, a força motriz da Hora do Planeta será Nathi Mzileni, de 15 anos de idade. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, fez um apelo para que todos "usem os 60 minutos de escuridão para ajudar o mundo a ver a luz."
A Hora do Planeta foi o tópico dominante nos últimos dias nos canais da rede social, com a modelo internacional australiana Miranda Kerr tendo "seqüestrado" a homepage do Myspace para a Hora do Planeta. A Hora do Planeta contabilizou mais do que meio milhão de fãs no Facebook e quase 50 mil seguidores no Twitter, além de muitos outros em sites específicos que apóiam essa causa em cada país. O YouTube também exibiu um desenho personalizado em seu site para a Hora do Planeta, mostrando também um interruptor de luz que aparece acima de cada vídeo e que permite aos usuários escurecer a página do YouTube.
O mundo do show business e o mundo do esporte também aderiram ao evento e muitas de suas estrelas participam dos eventos da Hora do Planeta em vários países. Entre as principais entidades esportivas que apóiam o evento estão o maior clube de futebol do mundo - Real Madrid --, a entidade organizadora das Olimpíadas de Londres e a Federação Européia do Futebol - UEFA. Participam da Hora do Planeta a Arena 2 de Londres e vários outros estádios que sediam importantes eventos esportivos -- Chicagos Wrigley Fields, o Cubo de Água e o Ninho de Pássaro em Beijing.
"A lista de participantes oficiais sempre fica aquém do nível real de participação", afirmou o co-fundador e diretor executivo da Hora do Planeta, Andy Ridley, do alto da ponte no porto de Sydney - a Harbor Bridge, assim que as luzes se apagaram na cidade onde se originou a Hora do Planeta.
"Depois do evento a gente sempre descobre que ele foi realizado em países que nunca nos contataram, em cidades em que nunca esperávamos que fosse acontecer, em lugares dos quais nem ouvimos falar."
"Nós damos muito valor a isso - é um símbolo do reconhecimento crescente de que todos nós precisamos agir para restaurar a harmonia entre a humanidade e o meio ambiente e de que todos nós podemos agir."
O tempo molhado não conseguiu enfraquecer o entusiasmo das celebrações da Hora do Planeta na Nova Zelândia - embora o evento fosse mesclado com a tristeza da lembrança do que aconteceu antes na cidade de Christchurch, devastada no mês passado por um terremoto.
Na capital, Wellington, a prefeita Celia Wade Brown desligou as luzes no Observatório Carter para a Hora do Planeta. Em sua fala no evento, o diretor-executivo do WWF-Nova Zelândia, Chris Howe, destacou o poder coletivo do movimento mundial da Hora do Planeta. "Quando a gente faz pequenos atos, como parte de uma comunidade global, nós podemos fazer uma grande diferença e criar um futuro onde as pessoas vivam em harmonia com a natureza", afirmou.
Em Auckland, a torre Sky Tower - o edifício mais alto do hemisfério sul - teve suas luzes desligadas. Os foliões em Hamilton enfrentaram os trovões e os raios para participar dos eventos às escuras nos restaurantes e bares. Em Alexandra, as pessoas ouviram música à luz de velas no Centennial Park, o parque do centenário.
Atividades além da Hora do Planeta obtiveram grande adesão em Tauranga, uma cidade costeira ao sul de Auckland, onde 41 empresas e organizações prometeram fazer ações ambientais, inclusive o plantio de mil árvores, a ser feito por estudantes ao longo da rodovia expressa, além da promessa do Porto de Tauranga de reduzir seu consumo energético.
Começou na Austrália e o mundo aderiuA participação da Austrália na Hora do Planeta começou com o apagar das luzes num dos pontos turísticos duplos mais conhecidos em todo o mundo - a combinação de cabide e vela que caracteriza a ponte do porto, a Harbour Bridge, e o teatro da ópera de Sydney.
Houve uma onda de compromissos para ir além da hora e eles foram muito além da maior cidade da Austrália. Teve a promessa da primeira-ministra Julia Gillard que vai fazer tudo o que puder para garantir as novas ciclovias e luminárias LED para os parques e vias públicas. O WWF-Austrália e seus parceiros inovaram com o lançamento de prêmios da Hora do Planeta para as contribuições mais destacadas para o meio ambiente, uma iniciativa que pode ser imitada no resto do mundo nas futuras edições da Hora do Planeta.
Parrys Raines, de 15 anos de idade, convenceu sua escola em Woollongong a instalar postos de água e fornecer a cada aluno e professor uma garrafa reutilizável de aço para beber água e assim reduzir o lixo de garrafas plásticas.
Infelizmente as nuvens prejudicaram a planejada observação de estrelas no Observatório de Sydney. Mas na diminuta Gingin, no oeste da Austrália, com uma população de 536 habitantes segundo o último censo, Alice Springs, quase no ponto central da única nação do mundo que tem o tamanho de um continente, a escuridão serviu para apreciar o céu.
"A Hora do Planeta é um maravilhoso exemplo da criatividade e da confiança dos australianos", destacou a primeira-ministra Gillard.
Solidariedade pelo desastre no JapãoA Hora do Planeta na Austrália, assim como em outros países, foi iniciada com um minuto de silêncio pelas vítimas da catástrofe causada por terremoto e tsunami no Japão, ocorridos esse mês. Em alguns países, os eventos da Hora do Planeta incluíram a captação de fundos para ajudar as vítimas dos terremotos e do tsunami.
No Japão mesmo, uma pequena equipe da Hora do Planeta fez uma demonstração de resiliência e da capacidade do país para superar esse duplo desastre, destacando a promoção de 20 formas diferentes para que o povo e as empresas do Japão economizem energia, como um jeito prático de ajudar as áreas devastadas.
As luzes foram desligadas nas torres de Tóquio e de Quioto, bem como no castelo e no Memorial da Paz em Hiroshima.
"Nós tivemos que cancelar vários dos eventos planejados para a Hora do Planeta, disse o diretor do WWF-Japão, Takamasa Higuchi. "O que nós gostaríamos de dizer é que estamos muito gratos pelos vários gestos de ajuda que a nossa nação recebeu nessa época de tanta tragédia."
"Apesar da situação cruel, um hotel em estilo japonês, situado na região mais destruída, decidiu participar da Hora do Planeta. Muitas pessoas que perderam suas famílias e suas casas por causa do tsunami estão abrigadas nesse hotel. Elas não têm eletricidade, então obviamente não podem desligar as luzes. Mas elas rezarão pelas vítimas."
Participação recorde nas FilipinasA Liga de Cidades e a Liga dos Municípios garantem que a participação na Hora do Planeta nas Filipinas será fantástica, pois 1.661 cidades e comunidades se cadastraram para o evento. Após um minuto de silêncio pelo Japão e pelo planeta, apresentações acústicas garantiram o entretenimento com baixo-carbono para esse evento de luzes desligadas.
O Secretário do Departamento de Energia, Rene D. Almendras, acendeu a vela oficial fora do shopping Mall of Asia, na cidade de Pasay, seguido pelo vice-presidente da Comissão de Mudanças Climáticas das Filipinas. A partir dessa vela, outras velas foram então acesas numa longa fila de representantes governamentais e empresariais, celebridades, representantes regionais e estudantes, que recitaram suas promessas para ir além da hora em prol do meio ambiente.
Das municipalidades chegaram mais promessas. Mataki City anunciou a proibição de sacolas plásticas e os planos para promover o uso de sacolas artesanais. Um benefício esperado dessa iniciativa é a diminuição das inundações. Em Batangas, no Sudoeste do Luzon, Gabriel Magpantay tentará evitar a destruição dos corais causada pela construção do muro junto ao mar, sugerindo, em parte, que o governo local designe os corais como santuários marinhos.